sábado, fevereiro 09, 2008

segunda-feira, janeiro 14, 2008

nadine
na escola era sempre a mãe
preferia as pitangas verdes
as canetinhas lilases
o pai quando era católico
os assuntos sérios aos patéticos
fofoqueira: hoje cresceu e nem deve sentir saudades.

ester
namora com um amigo
diz coisas que ninguém entende
tira fotos sozinha no quarto
ele acha normal.

rosa
39
na segunda vez que fez alisamento definitvo deixou de falar com os amigos
não se tem notícias de rosa.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

moma
quando pode paquera no elevador
quando arrota diz obrigado
brincos mínimos
voz rouca
tomando sorvete na praia.

cristiane
se arrepende ninguém sabe do quê
mora no terceiro andar
não é feia
mas namora feio e se diz infeliz.

caxemira
nasceu manca
cuidou do irmão
na escola para adultos aprendeu a surfar na internet
tem medo de altura
no google descobriu o significado de seu nome.

terça-feira, janeiro 08, 2008

pedro segundo
(não o nobre)
cílios de moça
quando fala mexe os cotovelos
diz sempre “perdão” e “aliás”
shortinho para caminhar
vizinha para os dias santos/ alice para os pagãos.

canaã
dança jazz e arrepia
olhos verdes, dentes tortos
quando gosta pega na mão
detesta abraços
não é judeu ou palestino.

heitor
pés 44
sorriso largo
não encanta ninguém
só engana raul.

sábado, junho 30, 2007

marisa achou a cura pra sua coriza: o sexo.

quarta-feira, março 28, 2007

143

sábado, janeiro 27, 2007

Drama engraxado

E ele é tão lustrado que na inclinação certa consigo acompanhar o espetáculo:
a fala acompanho no ouvido, as movimentações no sapato
Aquele ator passa e vai pra ponta, quase fugindo
Um chute e ele some
Aquela se encontra entre as voltas do cadarço, só distingo o vestido rosa amarronado
No ouvido a cadeira ao lado tosse, não está vazia
E o sapato cora azul, ora âmbar, couro antigo, coro trágico
A cochia em ponto cego creio ser na sola
Piso se quiser ou sem querer, ainda não quero
Sorte minha esse calçado.


Conversas barbeiras
(no início ler pausadamente, depois[no hei] musicalize perdendo o fôlego. No final se arranje. Ler 2 vezes seguidas)

Que as coisas mudam. A barriga inchou mais uma vez indicando a doença. Indubitavelmente é crônica, considerando a recorrência com que se manifesta desde o passado ano. Algo obstrui tod’aquela vivacidade dos anos que já são ‘naqueles anos’. Não aposto que seja algo, nunca fui bom nessas coisas. Arrisco ser o bico d’aquele pardal manco – um dia tomando água em tampinha metálica – que não degenerou, essas coisas duras parecem difíceis de digerir. É provável que isso tenha afetado o pulmãozinho dele. Os brônquios dilataram, tornaram-se bexigas róseas. Bexiga se localiza no ventre, que inchou. Hipótese romântica demais, coisas assim não são viáveis. Espero que seja breve, apesar de já durar um ano ou mais. Comidas especiais não resultam em nada. Essas coisas duras são difíceis de superar. Hei de comprar duas caixas de farinhas, derrubando num quintal aspirando dias-neve, por diabos e rainhas, que jamais existirão na vidinha de um prostrado super-tropical, hei de fazer barba d’quem não tem, pra conversar sobre injustiças e do filho do polícia que nem parece ser daqui; conversas barbeiras. Há de comprar um guarda chuva que dure apenas uma chuva. Você dentro de casa, ao contrário de um botão, nada mais pode esperar se não a morte, mas todos sabem.